Cabelo Negro: Falta de Representação e Compreensão na Indústria da Moda

A indústria da moda sempre esteve em constante evolução, seja na criação de novas tendências, materiais ou padrões de beleza. No entanto, uma questão ainda muito presente é a falta de representação e compreensão do cabelo e cultura negra nos bastidores dos desfiles de moda. Várias modelos negras sofrem frequentemente com a falta de cuidado e atenção de cabeleireiros e maquilhadores que não sabem lidar com seus cabelos naturais texturizados e tons de pele. Esta indústria tem promovido um padrão eurocêntrico de beleza, o que criou uma pressão para que as mulheres negras alisassem ou modificassem os seus cabelos para se encaixarem nesse padrão, para além da falta de representação e compreensão do cabelo africano. Todos estes factos, conduzem a danos no cabelo e na autoestima, além de perpetuar a discriminação e a falta de aceitação da beleza negra.

Embora a diversidade racial tenha aumentado nas passarelas, a falta de formação de todos os profissionais ou a contratação de especialistas para lidar com cabelos naturais é um problema constante. Recentemente, a modelo Nádia Sena partilhou nas histórias do seu Instagram, um vídeo nos bastidores, durante o Portugal Fashion Week, a pentear o seu cabelo e o das suas colegas, enquanto um cabeleireiro está sentado ao seu lado. Este acontecimento levou que fossem levantadas várias críticas ao comportamento do profissional e à formação dos cabeleireiros que trabalham dentro desta indústria.

Mas este problema não ocorre só em Portugal, e não é só de agora. Há dois anos, a modelo britânica Leomie Anderson partilhou com os seus seguidores nas redes sociais a inconveniência de ter de refazer a sua maquilhagem, por esta não ser adequada ao seu tom de pele, e o cabelo, antes de um desfile, revelando a discriminação que as modelos negras ainda sofrem nos bastidores.

A mensagem constante de que o cabelo natural é inadequado para a moda ou que precisa ser transformado em algo mais “palatável” para ser aceite é prejudicial e limitante. A inclusão de modelos negras com cabelos naturais e texturizados pode ajudar a quebrar esses estereótipos e inspirar outras mulheres negras a abraçar os seus cabelos naturais.

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