Guiné-Bissau: “Um país onde não existe liberdade de imprensa”

No passado dia 3 de maio, comemorou-se o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Este é um dia importante para lembrar a todos sobre a importância da liberdade de imprensa na sociedade. A liberdade de imprensa é um dos pilares fundamentais da democracia e é essencial para garantir o acesso a informações precisas e imparciais.

Para discutir mais sobre o assunto, entrevistamos a jornalista Maimuna Bari, licenciada em ciências de comunicação pela Universidade Lusófona da Guiné, nomeada como ponto focal da rede dos defensores dos direitos humanos em Bissau no ano 2020 pela Casa dos Direitos, pela sua dedicação ao profissionalismo, foi atribuída o certificado de reconhecimento pelo contributo na sensibilização a prevenção de desastres no país, pelo Ministério do Interior através do serviço nacional da proteção civil, nos últimos anos a trabalhar na Rádio Capital FM da Guiné-Bissau. Maimuna Bari, compartilhou suas opiniões sobre a importância da liberdade de imprensa e as dificuldades enfrentadas no dia a dia na cidade de Bissau.

Maimuna Bari, vítima da falta de liberdade de imprensa no seu próprio país, viu-se a ser evacuada para a capital portuguesa, em fevereiro do ano passado.

A jornalista destacou que um dos principais desafios enfrentados pelos companheiros de profissão,  na Guiné-Bissau,  é a falta de liberdade de imprensa, onde atualmente os profissionais sentem-se barrados de ter acesso a informações para divulgarem de forma eficaz e transparente.

“Falta de meios financeiros dificulta o trabalho dos profissionais desta área, apesar de maioria dos trabalhos serem realizados na capital Bissau, nem sempre é fácil de fazer os deslocamentos ao terreno, ou seja, Guiné-Bissau é um país onde os jornalistas enfrentam dificuldades financeiras e falta de liberdade para poderem exercer com devida eficácia os seus trabalhos”.  Explica Bari.

De acordo com o Índice Mundial de Liberdade de Imprensa publicado no ano 2021 pela organização Repórteres Sem Fronteiras, a Guiné-Bissau ocupa a 89ª posição entre 180 países avaliados. Isso significa que a situação da liberdade de imprensa no país é considerada problemática, com jornalistas e meios de comunicação enfrentando obstáculos significativos em seu trabalho.

Maimuna Bari acrescenta ainda que as mulheres jornalistas da Guiné-Bissau, para além de enfrentarem as dificuldades financeiras, também enfrentam o problema de assédio moral e sexual no trabalho, algo que dificulta muito a chegada de cargos na direção dos órgãos de comunicação social guineenses.

Um outro estudo realizado pela Fundação dos Media para a África Ocidental (MFWA, em sigla inglesa), apresentado no dia 28 de fevereiro deste ano, na Casa dos Direitos, em Bissau, mostra que apenas 5% das jornalistas do sexo feminino estão em lugares de direção de órgãos de comunicação social na Guiné-Bissau, o que demonstra o “um grave desequilíbrio” no sector.

O estudo Segurança das Mulheres Jornalistas na Guiné-Bissau revela que das 12 rádios privadas em funcionamento no país apenas quatro têm mulheres jornalistas em lugares de direcção, nomeadamente na Rádio Nossa (da igreja evangélica), Rádio Sol Mansi (da igreja católica), jornal Nô Pintcha e Rádio Jovem.

Maimuna Bari enfatizou que a liberdade de imprensa não deve ser limitada por governos ou outras autoridades por ser um direito fundamental e deve ser protegida a todo custo. Embora a Constituição do país garanta a liberdade de imprensa, na prática, os jornalistas enfrentam ameaças e intimidações por parte de autoridades e grupos políticos. Muitas vezes, essas ameaças não são investigadas ou punidas, o que contribui para um clima de impunidade e insegurança.

A jornalista afirma ter esperança que a data 3 de maio seja uma oportunidade para lembrar a todos sobre a importância da liberdade de imprensa na sociedade e que é essencial para garantir a democracia, o acesso a informações precisas e imparciais e bem como para a proteção dos direitos humanos.

Por fim, Maimuna Bari fez um apelo às autoridades da Guiné-Bissau que respeitem a liberdade de imprensa e protejam os jornalistas no seu trabalho. Ela ressaltou que a liberdade de imprensa é um direito inalienável de todos os cidadãos e que os jornalistas têm o papel importante de informar e educar.

Traduzir
Scroll to Top