Livro “um corpo negro” chega a Portugal

Ser um corpo estrangeiro dentro do seu próprio país é o pensamento que dá início ao livro de poesias um corpo negro, da escritora brasileira Lubi Prates que reuniu no último dia 19, a jornalista Amina Bawa e a psicóloga Shenia Karlsson em uma conversa para o lançamento da edição portuguesa do livro. A história de Lubi Prates reflete a experiência partilhada por muitos brasileiros e brasileiras como observamos no encontro organizado na Livraria da Travessa de Lisboa.

Com uma fala emocionada, Lubi destacou que 

“Quis uma coincidência da vida que o lançamento de um corpo negro acontecesse exatamente no mesmo dia em que eu, há cinco anos, lançava-o em São Paulo, numa Casa das Rosas lotada. Que interessante ter a perspectiva temporal! Cinco anos, finalista de dois prêmios literários, várias listas de melhores livros do ano de 2018, e publicações na Argentina, Colômbia, Croácia, Estados Unidos, França, Suíça e, agora, Portugal (além do Brasil, totalizando oito países!)! Cinco anos que esse livro mudou a minha vida!”

De maneira poética, um corpo negro narra o processo de autoconhecimento como negra da autora, explorando as manifestações físicas em seu corpo, desde a pele, cabelo, boca e nariz, até as histórias que ecoam sobre seus ancestrais e suas próprias vivências relacionadas a essa identidade. Este relato desconstrói a representação persistente do negro como alguém inferior na sociedade. 

Fotografia Ben do Rosário

A psicóloga Shenia Karlsson, convidada para escrever o prefácio da edição lançada em Portugal, também partilhou as complexas experiências vividas enquanto mulher negra e imigrantes, desde quando mudou-se para o país. 

Acompanhadas pela jornalista Amina Bawa, que comentou sobre os movimentos negros e de resistência já estabelicidos em terras portuguesas, as conquistas dos últimos anos e como as políticas públicas serão importantes para trazer mudanças significativas.

Assim como no livro, a autora encerrou a noite de conversa e lançamento num tom positivo e de esperança, acompanhada pelas convidadas e pelo público com autógrafos, abraços, sorrisos e lembrando a frase da artista Juliana Borges: «Uma mulher negra feliz é um ato revolucionário”, imagina três?!’»

 

Fotografia Ben do Rosário

A múltipla Lubi Prates

Lubi Prates é uma poeta, tradutora, editora e curadora de literatura. Nascida em 1986, em São Paulo (SP/Brasil), onde vive atualmente.

Sua relação com a escrita e leitura começou durante a infância, muito incentivada por sua família. Os primeiros poemas e contos só foram escritos durante a adolescência, e compartilhados em blogs individuais e coletivos.

A partir desse exercício de autopublicação virtual, veio o coração na boca, seu livro de poemas de estreia, publicado em 2012, pela Editora Multifoco. coração na boca foi reeditado, em 2016, pela Patuá. Em 2016, publicou triz, pela Patuá. 

Durante os primeiros anos de sua carreira literária, estudou Psicologia, feminismo e relações raciais, o que modificou sua produção, fazendo-a ter, além de uma preocupação estética, uma preocupação social. 

Em 2017, seu terceiro livro, um corpo negro, foi contemplado com o PROAC de criação e publicação de poesia. um corpo negro foi publicado no ano seguinte, 2018, e ganhou o Prêmio Jonathas Salathiel de Psicologia e Relações Raciais e foi finalista do 61º Prêmio Jabuti e do 4º Prêmio Rio de Literatura. Foi traduzido e publicado na Argentina, Colômbia, Croácia, Espanha, Estados Unidos, França, Itália e Suíça. Poemas de um corpo negro integram materiais didáticos do Ensino Fundamental e Médio. 

Além de coração na boca, triz e um corpo negro, Lubi Prates publicou as plaquetes: de lá / daqui, em 2018, pela nosotros, editorial, para este país, em 2018, no Uruguai e permanece, em 2019, pela Quelônio, e participa de inúmeras antologias nacionais e internacionais.

Lubi dedica-se à ações que combatem a invisibilidade de negros e mulheres, como tradutora (espanhol e inglês), editora, curadora de Literatura e educadora. Além disso, cursa Doutorado em Psicologia do Desenvolvimento Humano, na Universidade de São Paulo, e atua como psicóloga clínica, em consultório particular.

 

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